Aprimorar-se para o pior: a qualificação do trabalhador frente à precarização do trabalho no turismo

Autores

  • Victor Esposito Universidade Federal Fluminense
  • Aguinaldo César Fratucci PPGTUR-UFF

DOI:

https://doi.org/10.54025/clc.v7i10.123

Palavras-chave:

Trabalhadores, Turismo, Condições de trabalho, Qualificação

Resumo

Percebe-se, nos atuais debates e discussões acerca do trabalhador do turismo, a importância da qualificação e da especialização como caminhos para uma melhora na atividade turística, em âmbito nacional e internacional. Entretanto, questiona-se a realidade vivenciada pelo trabalhador do fenômeno turístico, principalmente ao que tange suas condições de trabalho e sua percepção sobre a área em que atua. Nesse princípio, o presente trabalho busca analisar dados de duas pesquisas distintas, realizadas em 2019 e entre 2021 e 2022, visando alcançar a relação entre o nível de escolaridade e a renda mensal de trabalhadores das áreas de Agenciamento, Hospedagem e Guiamento, sendo reconhecidas as mudanças no mercado de trabalho e no fluxo de turistas causadas pela pandemia de Covid-19. A partir da análise, percebe-se a sensação de desamparo e menosprezo pelo trabalhador, que sente insegurança frente ao emprego e vivencia condições precárias de trabalho, como cargas horárias extensas, remunerações baixas e excesso de funções exercidas, características que foram aprofundadas por meio do cenário pandêmico. Logo, observa-se a diminuição de trabalhadores qualificados no turismo, que iniciam a transição para outras áreas em busca de novas oportunidades. Por mais que a qualificação do trabalhador possa influenciar diretamente na qualidade do atendimento e na experiência de visitantes e turistas, a falta de perspectiva dos trabalhadores e as condições precárias de trabalho demonstram e justificam o escoamento dos mais qualificados para outros setores.

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Publicado

19-08-2025